23:16
o uso do “mas”
23:16E no meio daquele dia me vi mais uma vez naquela situação. Desta vez, acompanhada e conversando sobre um projeto, um conhecido se aproxi...
Tem vezes que quando respondo que abri o meu próprio negócio e que estou naquela fase em que invisto mais do que lucro (tempo e dinheiro), recebo um olhar desconcertado. Algumas vezes fico na dúvida se é de pena ou de surpresa. Quando constato que é a primeira opção, sempre completo com a frase “mas estou feliz!” a fim de receber de volta um sorriso que encerra o assunto. (Ufa!)
Naquele dia o meu sexto sentido dizia para eu omitir e não entrar em tantos em detalhes. Só que a voz da minha companhia ao lado falou por mim e, no final da contas, tive que colocar um sorriso no rosto, usar minha tradicional frase e justificar, mais uma vez, as minhas escolhas com o uso do “mas”.
Não, eu não tenho aquele sentimento de que preciso me justificar para todo mundo. Só que quando se está na linha de frente de um negócio financeiro, as pessoas esperam que você seja, no mínimo, simpática. E não vejo mal algum em cumprir este papel, afinal, nunca sabemos quando iremos precisar do outro no futuro.
A reposta que queria dar:
No fundo, o que eu gostaria mesmo de responder é: “Estou tentando mudar a cultura do nosso mercado”. Literalmente. Só que aposto que eu receberia um irônico olhar de “boa sorte”, o que resultaria em uma resposta nada agrádavel. No fim das contas, nada disso pegaria bem para uma recém dona de empresa, não é mesmo?
Ok, eu sei que é uma tarefa difícil, principalmente na cidade em que vivemos, onde formatos e panelas profissionais já estão pré-definidas e até pouco maduras ou preparadas para novidades. Mas, se não tá fácil para ninguém, por que estaria para mim?
O que sinto, fora e dentro de casa, é que pareço ter mais paciência do que as pessoas que me conhecem. Claro que nem sempre estou segura das minhas escolhas, entretanto, quando confiante ganho mais força para correr atrás de uma das coisas que mais desejo: não precisar usar o tal do “mas” quando me perguntarem o que eu faço para ganhar a vida.
Créditos de imagem: Maike Plenzke / Summer
