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dançar pra não dançar
11:52Ao assistir pela primeira vez a desorganizada, inamorável e aspirante a bailarina Frances Ha, imaginamos que a mesma vive a síndr...
A separação, que para Frances acontece por meio de uma amizade, pode ser comparada também com a nossa saída da casa dos pais. A personagem não sofre com o primeiro divórcio porque transfere os sentimentos para a sua melhor amiga Sophie. Isso faz com que a saída brusca de sua tão organizada e bem sucedida vizinha de quarto a leve a procurar por outras pessoas que ocupem este lugar, ao invés de buscar por um crescimento profissional que eleve a sua auto-estima.
Considerada uma figura inadequada, o filme nos apresenta uma personagem completamente contemporânea. Lemos com frequência notícias que mostram casos reais de profissionais que largaram suas carreiras bem sucedidas para trabalhar naquilo que amam. Geralmente o sucesso para estas pessoas vieram de cargos burocráticos ou exaustivos. Para Frances esta possibilidade é hipócrita e a sua realização pessoal sempre esteve atrelada a um trabalho que lhe trouxesse prazer. Ela não entende, por exemplo, como Sophie trabalha em uma editora, mas não gosta de ler.
A partir da trama nos questionamos o porquê e para que trabalhamos. A resposta está na busca pela estabilidade, nos objetos que podemos adquirir e que vão nos definir como pessoas? Se sim, o filme é um soco no estômago para aqueles que correm atrás de trabalhar com o que amam, mas não conseguem o sucesso que almejam. Para aqueles em que a ambição está atrelada ao prazer, ter que se adaptar é a parte mais difícil.
No fim, a gente aprende com Frances que precisamos não desaminar quando as nossas expectativas não se adequam as ambições dos outros e que encarar a vida de forma leve talvez não seja o ideal, mas nos ajuda a não surtar a cada aluguel vencido.