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o sucesso a todo custo
18:22O título até parece manchete de revista feminina, mas as palavras encontradas aqui não mantêm relações com nenhuma publicação do gêner...
O título até parece manchete de revista feminina, mas as
palavras encontradas aqui não mantêm relações com nenhuma publicação do gênero.
Pelo menos não no sentindo remunerado da coisa. Porém, tal tema vem martelando em
minha mente a algum tempo, tendo em vista que alcançar o sucesso é algo muito
relativo.
Dizem que trabalho e prazer raramente se misturam. Trabalho é
acordar 7h da manhã, bater ponto, meta e pegar engarrafamento na ida e na volta.
É zerar a pauta a todo custo e ficar no escritório até depois do expediente
para demonstrar serviço. Em sinal de
respeito ou reconhecimento, tenho amigos que não se levantam de suas mesas
enquanto a luz da sala do seu chefe não se apaga. Há prazer nisso?
‘O prazer vem depois, custeado pelo trabalho’, ouço e penso. É possibilitar as viagens
nos finais de semana, a vida noturna ou uma casa no litoral. Porém, há quem
defina estas ações como sucesso e não algo exclusivo de puro deleite.
Surge então a dúvida: o
é que ter sucesso?
A era do ‘multi’
Quando eu lia as assinaturas de profissionais com múltiplas funções,
sempre me questionava como tal pessoa dava conta de tudo. ‘Mara Gabrilli, 44 anos, é publicitária, psicóloga e deputada federal pelo
PSDB.’
Além de tal questionamento, criticava e defendia que era
impossível alguém encontrar tempo para se dedicar a tanta coisa. No final das
contas percebi que o meu preconceito era despeito, e hoje, ao criar a minha assinatura,
imagino quantas pessoas não fazem a pergunta que um dia eu mesma fiz.
O resultado dessa mudança vem da famosa era da tecnologia, principal
reflexo do século 21, que nos permitiu ser multitarefas quando o assunto é
trabalho. Além de desencadear as inúmeras mudanças em nosso comportamento,
aprendemos a tomar decisões dentro e fora de um escritório, chegando ou saindo
dele. Trabalhamos de qualquer esquina, nos entregamos e abraçamos os nossos
empregos, independente de sermos ou não donos do nosso próprio negócio. Para
que tudo isso mesmo? Para buscar o sucesso.
Foi então que eu percebi que muitas vezes corremos atrás de
algo que nem sabemos direito o que é.
Na busca pelo meu sucesso, corri primeiro atrás de experiência
e conhecimento. Em seguida da independência financeira e reconhecimento. Quando
me dei conta comecei a traçar objetivos como sair de casa, viajar para fora do
país e comprar um carro. Para garantir que todo este sucesso fosse alcançado, o
meu nome era trabalho. Ignorei minha saúde, mantive poucos (e raros) amigos,
quase não convivia com a minha família e comecei a perder noite. Tem gente que
vive anos nesse ritmo, mas eu não aguentei nem dois.
Pedi demissão para uma pessoa incrível, que conquistou há
algum tempo o seu sucesso, e me prometi correr atrás de uma vida onde trabalho
e prazer andem juntos. Sendo apaixonada pelo o que escolhi como carreira, não
vejo mal algum em desejar isso.
Pode até não parecer, mas sei que este caminho é longo.
Principalmente em um mundo onde poucas pessoas pensem ou ajam dessa forma. Mas,
como ainda é cedo para desistir, prometo não me incomodar com os olhares e
comentários do tipo: ‘Ela ainda não obteve o sucesso’. E aproveito para
indagar: e quem o tem?
Ive Caceres, 24
anos, é publicitária, trabalhou como planejamento promocional em três agências
de Salvador, escreve e hoje atua (também)
como produtora cultural.