o sucesso a todo custo

O título até parece manchete de revista feminina, mas as palavras encontradas aqui não mantêm relações com nenhuma publicação do gêner...



O título até parece manchete de revista feminina, mas as palavras encontradas aqui não mantêm relações com nenhuma publicação do gênero. Pelo menos não no sentindo remunerado da coisa. Porém, tal tema vem martelando em minha mente a algum tempo, tendo em vista que alcançar o sucesso é algo muito relativo.

Dizem que trabalho e prazer raramente se misturam. Trabalho é acordar 7h da manhã, bater ponto, meta e pegar engarrafamento na ida e na volta. É zerar a pauta a todo custo e ficar no escritório até depois do expediente para demonstrar serviço.  Em sinal de respeito ou reconhecimento, tenho amigos que não se levantam de suas mesas enquanto a luz da sala do seu chefe não se apaga. Há prazer nisso?

‘O prazer vem depois, custeado pelo trabalho’, ouço e penso. É possibilitar as viagens nos finais de semana, a vida noturna ou uma casa no litoral. Porém, há quem defina estas ações como sucesso e não algo exclusivo de puro deleite.

Surge então a dúvida: o é que ter sucesso?


A era do ‘multi’
Quando eu lia as assinaturas de profissionais com múltiplas funções, sempre me questionava como tal pessoa dava conta de tudo. Mara Gabrilli, 44 anos, é publicitária, psicóloga e deputada federal pelo PSDB.’

Além de tal questionamento, criticava e defendia que era impossível alguém encontrar tempo para se dedicar a tanta coisa. No final das contas percebi que o meu preconceito era despeito, e hoje, ao criar a minha assinatura, imagino quantas pessoas não fazem a pergunta que um dia eu mesma fiz.

O resultado dessa mudança vem da famosa era da tecnologia, principal reflexo do século 21, que nos permitiu ser multitarefas quando o assunto é trabalho. Além de desencadear as inúmeras mudanças em nosso comportamento, aprendemos a tomar decisões dentro e fora de um escritório, chegando ou saindo dele. Trabalhamos de qualquer esquina, nos entregamos e abraçamos os nossos empregos, independente de sermos ou não donos do nosso próprio negócio. Para que tudo isso mesmo? Para buscar o sucesso.

Foi então que eu percebi que muitas vezes corremos atrás de algo que nem sabemos direito o que é.

Na busca pelo meu sucesso, corri primeiro atrás de experiência e conhecimento. Em seguida da independência financeira e reconhecimento. Quando me dei conta comecei a traçar objetivos como sair de casa, viajar para fora do país e comprar um carro. Para garantir que todo este sucesso fosse alcançado, o meu nome era trabalho. Ignorei minha saúde, mantive poucos (e raros) amigos, quase não convivia com a minha família e comecei a perder noite. Tem gente que vive anos nesse ritmo, mas eu não aguentei nem dois.

Pedi demissão para uma pessoa incrível, que conquistou há algum tempo o seu sucesso, e me prometi correr atrás de uma vida onde trabalho e prazer andem juntos. Sendo apaixonada pelo o que escolhi como carreira, não vejo mal algum em desejar isso.

Pode até não parecer, mas sei que este caminho é longo. Principalmente em um mundo onde poucas pessoas pensem ou ajam dessa forma. Mas, como ainda é cedo para desistir, prometo não me incomodar com os olhares e comentários do tipo: ‘Ela ainda não obteve o sucesso’. E aproveito para indagar: e quem o tem?


Ive Caceres, 24 anos, é publicitária, trabalhou como planejamento promocional em três agências de Salvador, escreve e hoje atua (também) como produtora cultural.   

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