semanas curtas, dias longos.

É fato. Reclamamos constantemente que o tempo voa, que a semana mal começa e já termina, e que o ano, (coitado!) passa que a gente nem ...


É fato. Reclamamos constantemente que o tempo voa, que a semana mal começa e já termina, e que o ano, (coitado!) passa que a gente nem sente. Mas acho um paradoxo estar vivendo dias tão longos.

Nasço e morro todo santo dia. Só que meu período de gestação não chega nem em 6h diárias.

Quando abro meus olhos e vejo o mundo pela primeira vez, peço mais 5 minutinhos para o despertador,  chuveiro frio e o motorista do ônibus. Nem sempre eles me atendem, por isso trato de deixar a preguiça de lado e passo a cronometrar o tempo que tenho para me arrumar e seguir rumo ao trabalho. Nem sempre este momento é longo, aí pareço um bebê apressado querendo andar logo e ganhar o mundo.

Diferente da minha verdadeira infância, durante a semana eu não a aproveito muito. Mas a adolescência é sempre precoce, e como não podia deixar de ser, começa no primeiro encontro com o mundo virtual. As notícias, conteúdos criativos, blogs e interessantes imagens sobem no reader, twitter e facebook em uma velocidade estrondosa.  Fico extasiada com tanta novidade bacana e passo a compartilhar e discutir com meus amigos, do mercado ou não, o que o povo inventa a cada dia. Minha imaginação, e dedos, começam a salvar tudo e pensa: ‘um dia vou precisar desta referência!’. 

Como a maioria dos jovens, deslizo no almoço. E hoje a minha companhia na criação deste texto é um hambúrguer com Coca-Cola. Que minha mãe nem sonhe com isso, já que fiquei de pedir um almoço leve e saudável hoje (leia sempre), mas atire a primeira pedra aquele jovem que nunca mentiu ou omitiu algo para os pais, não é mesmo?

A tarde chega e com ela a maturidade. Já tenho um panorama geral do meu dia (vida), sei o que cumpri e o que é necessário concluir. É aquela fase que a gente olha para frente, percebe o futuro bem próximo e sabe que sua vida depende realmente mesmo das suas decisões e que o nosso caminho está mesmo em nossas mãos. Pelo menos, grande parte dele.

Mas como não dá para se aposentar ainda, começa o terceiro round  e com ele os freelas, os projetos pessoais, as visitas rápidas aos amigos ou os famosos ensaios de verão do cenário alternativo que eu tanto amo (e espero). Ouço meus amigos reclamarem e compreenderem (nem sempre) sobre o pouco tempo que tenho disponível e passo a não tirar a agenda debaixo do braço (independente do horário), que é para não me esquecer de nada (principalmente com os que tanto amo)!

Mas a idade tem que chegar uma hora e hoje eu desejo ser uma velhinha animada! Mas no meu ‘nascer e morrer’ diário não consigo chegar a velhice com tanta disposição. No fim do dia só desejo mesmo a minha cama, e quando meu corpo está todo estirado no colchão eu relaxo tanto, que apago. Mas não deixo de agradecer pelo o que vivi, muito menos de sonhar com uma vida ainda melhor. Afinal, amanhã todo mundo nasce de novo, ganha-se um novo dia, e se não deu certo hoje, daqui a algumas horas tem mais tempo para ajeitar!  





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4 comentários

  1. Ive, que relação maravilhosa entre o ciclo de vida normal e esse ciclo que acaba em um dia. Me identifiquei muito e me vi como a louca da informação também, que sai favoritando e enviando para o próprio e-mail, coisas que poderão ser usadas mais pra frente. Preciso rever minha vida. Tenho dormido pouco e não serei de forma nenhuma essa velhinha animada igual a você, nos ensaios de verão hehehe Beijo e amei de verdade seu texto.

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  2. Quando eu era criança dizia que dormir era perda de tempo. Continuo achando, porém gostaria de perder mais tempo sem culpa. Todo dia, meu nascimento é prematuro com cerca de de 5h de sono e as horas que reutilizo para não perder nem um segundo continuam sendo poucas. Acho que é por isso que estamos ficando velhas rs.. Adorei ;)

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  3. Muito interessante esse paralelo que você traçou! O curioso é que, no final do dia, sempre penso nas coisas que planejei fazer e que não consegui por falta de tempo ou imprevistos e minha velhice acaba ao cochilar deitado na cama com um livro na mão, pensando quanto tempo tenho pra me reinventar no próximo nascimento - e prematuro também, como bem falou Larissinha. Cicatrizes, rugas
    pelos, pintas, manchas e sinais; gosto do que o tempo nos traz. Parabéns pelo bonito texto!

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