90 minutos

Hoje foi um dia importante.  Comecei o dia dizendo que ia tirar os sonhos do papel e no fundo, confesso, travei uma batalha inter...



Hoje foi um dia importante. 

Comecei o dia dizendo que ia tirar os sonhos do papel e no fundo, confesso, travei uma batalha interna durante todo o dia para não me sabotar nessa decisão. Depois de passar alguns meses em um ritmo louco escrevendo projetos em editais para outras pessoas, parei por um segundo (ou melhor um dia) para me dedicar e escrever o meu projeto. As ideias estavam soltas em papéis, mente, conversas entre amigos, visitas técnicas informais, mas nada (eu disse nada) de fato estava escrito. As 14h eu tinha uma tela em branco e um sentimento de pré-desespero que só os que sofrem de ansiedade crônica como eu entenderiam. As pessoas envolvidas no tal projeto que eu imaginei (lá atrás, lá no inicio do ano) já estavam a alguns passos na minha frente e eu ali, com aquela tela em branco e um prazo a cumprir. 

Cansada das minhas desculpas resolvi seguir em frente. E, a cada etapa cumprida, um alívio ia criando forma em meu peito. Mas, a mente humana é uma coisa descarada. Não bastasse o prazo, a tela já não tão mais branca e o fato de eu só ter dormido três horas e meia de ontem para hoje, um desejo bem guardado de uma ideia sem forma e sem conteúdo ia pipocando querendo ganhar asas.

Eu pedia para os outros: me freie. Preciso dormir. Preciso descansar. Um já foi, o outro não vai rolar.  Só que, ao invés de freios, recebi incentivos. E então, faltando exatos 90 minutos para o deadline de inscrição, me deparei com outra tela em branca e  uma adrenalina que não me acompanhava a meses.

Resultado: pari dois projetos hoje. Um todo certinho, organizadinho e bem calculado. Este foi feito dentro do meu controle. O segundo foi um cuspe. Não no sentido pejorativo, mas sim no estilo "desentala a garganta". Se o primeiro me deixou feliz, o segundo me lavou a alma. E esse processo todo me fez pensar que eu realmente gostaria de ser uma mãe melhor para os meus filhos, afinal, eles não fazem ideia de como me fazem bem pari-los e vê-los crescer. 

Não faço a menor ideia se serão aprovados. Eu ia amar se qualquer um (ou os dois) desse mais um passo nessa luta embrionária. Mas, hoje eu optei por exergar toda essa coisa pelo olhar de Poliana: hoje minhas ideias saíram do papel. Hoje, para mim, foi um dia importante.

...

Para Clarice e Tayse, que não me deram freios e sim cordas. Muito obrigada.

Imagem: Cesar Del Valle


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