na alegria e na tristeza

Não lembro a primeira vez que o vi. Entretanto, recordo que ele estava presente no meu primeiro e no último trabalho acadêmico. Ele também...







Não lembro a primeira vez que o vi. Entretanto, recordo que ele estava presente no meu primeiro e no último trabalho acadêmico. Ele também estava na minha mais recente produção. E na minha primeira tentativa empreendedora. E em tantos outros shows, botecos, ligações e grupos de orkut, facebook, instagram e whatsapp... Entre caronas, projetos e viagens que vão e vem, percebi que desde aquele primeiro encontro, já se foram 10 anos. Não fazia ideia que aquele menino magricelo e inseguro como eu (sim, nós éramos magricelos e inseguros), fixando um cartaz de filme de locadora na parede, viria a se tornar uma figura tão presente na minha vida. Viria a se tornar um bom amigo.

Essa breve sinopse de amizade traz em seu elenco principal meu amigo Paulo Vitor. Não lembro o porque desse assunto vir a tona em minha mente, mas foi num desses momentos onde a gente coloca a cabeça no travesseiro e pensa que vai dormir, que me dei conta do período que já estamos juntos. Imediatamente começamos a dissertar sobre isso pelo whatsapp e, entre emoticons a la O Grito de Van Gogh e frases clichês como "quero mais dez anos de amizade", percebi que este era o mote que eu precisava para acabar de vez com meu hiato na escrita.

Sempre pensei na frase "amigos são a família que nos permitiram escolher" com muita seriedade. Eu já vinha de uma família grande, que briga e se ajuda com a mesma intensidade (e frequência) que fazem festa. Logo, na minha cabeça, eu precisava escolher bem esse segundo seio familiar. Falhei. Óbvio. Não pelo grupo que formei, mas porque percebi que não me permitiram escolher ninguém. Eu conhecia as pessoas, rolava uma identificação daqui, depois uma identificação de lá e de repente, quando nos dávamos conta, já éramos mais do que dois conhecidos. Quando, no meio dessa história toda, a gente se questionou se realmente queríamos estreitar estes laços? Não nos permitiram, nos juntaram. É bom e pronto. Lide com isso, amigo.

Aliás, lide também com minha falta de tato muitas vezes quando lhe digo verdades ou quando não lhe conto o que se passa realmente na minha cabeça em inúmeros momentos. Afinal, amizade é muito mais do que troca de segredos, conversas diárias e colo quando se está na fossa. É, definitivamente, respeito, compreensão, paciência, carinho, amor e tantos outros sentimentos peculiares. É o reconhecimento, não das similaridades ou valores, e sim de que aquela pessoa faz parte da sua vida.

Já fui egoísta a ponto de não perceber amizades que estavam sendo esfregadas no meu nariz. Assim como fui injusta, julguei errado e magoei pessoas que são importantes para mim. Já tomei as dores do outro, mesmo não concordando e assumi culpas que não combinavam comigo. Chorei, sorri e vivi muitas das perdas e ganhos dos meus amigos como se fossem minhas. Assim como escrevi cartas, e-mails e mensagens na esperança de minimizar distâncias. Perdi e perco a conta das diversas coisas que fiz em nome de uma boa amizade e procuro não me arrepender de nenhuma delas. Porque todas as desavenças serviram para aprofundar esse amor não escolhido e todas as alegrias para me contrariar de que talvez exista sim uma escolha por trás de tudo isso: a de querer estar junto.



Créditos de imagem: Sara Andreasson



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